Foto: Isaac Amorim/MJSPDino em live na quarta (26); ministro da Justiça é um dos concorrentes à cadeira de Rosa, que se aposenta em outubro

Um candidato de peso

Holofotes no caso Marielle fazem Flávio Dino avançar algumas casas na disputa pela vaga de Rosa Weber no STF, mas a concorrência é forte
28.07.23

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, pode ter avançado algumas casas no tabuleiro da corrida à vaga da ministra Rosa Weber no STF (Supremo Tribunal Federal) após os holofotes se voltarem para ele com a divulgação da delação premiada de Élcio Queiroz, que trouxe novas revelações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes

Tema caro ao governo, e compromisso de Lula com a família de Marielle, as investigações do caso só voltaram a ganhar fôlego após Dino determinar à Polícia Federal, em fevereiro, que se debruçasse sobre o assassinato da vereadora carioca e abrisse um inquérito, até então sob responsabilidade da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ponto para o ex-governador do Maranhão. 

Em um live na última quarta-feira (26), Dino deixou nas entrelinhas que novas revelações do caso podem surgir nas próximas semanas e que a PF deve avançar ainda mais.“Eu não posso prever porque eu não tenho conhecimento dos autos, porque não é meu papel. O delegado que está lá conduz, os delegados conduzem, não há interferência política em investigação. Mas posso afirmar, sim, que há um trabalho e que mais resultados positivos virão, como esse resultado que foi revelado na segunda-feira”, declarou o ministro. 

Ainda é cedo para dizer que o caso Marielle será determinante para o futuro de Dino, mas é certo que o ministro da Justiça agora tem um trunfo perante outros players que disputam a vaga de Rosa no Supremo — a atual presidente da corte se aposenta em outubro, ao fazer 75 anos. Ele conseguiu emplacar uma pauta extremamente favorável ao governo federal, a primeira que o governo Lula pode chamar de totalmente sua. O problema é que a onda positiva para o Planalto durou pouco: a indicação de Marcio Pochmann para o comando do IBGE, na última quinta (26), interrompeu esse ciclo de boas notícias.

Certamente, o ministro Dino tem predicativos essenciais para o cargo e, se for indicado, não será apenas por um avanço em uma investigação específica do caso Marielle, que se deve tanto à Polícia Federal quanto ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro”, argumenta um integrante da base governista.

Aliados de Lula que defendem a indicação de Dino ao Supremo alegam que o caso Marielle pode atenuar críticas da base ideológica do PT em relação à substituição de uma mulher por um homem na corte. Nesse aspecto, a leitura é absolutamente simples, para não dizer simplista: ao trabalhar para elucidar um caso de violência política envolvendo uma mulher parlamentar, Dino anularia qualquer acusação de que Lula estaria sendo “machista” ao fazer essa indicação.

O titular da Justiça, porém, tem fortes concorrentes, cada um vendendo seu peixe a Lula. O presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas, também tem dado atenção a um tema que agrada muito ao presidente da República — cutucar a Lava Jato

Crítico à operação, Dantas acionou o STF e obteve acesso às mensagens roubadas de Deltan Dallagnol, apreendidas na Operação Spoofing. Os diálogos sugeriam que houve um combinado entre o ex-procurador e o ex-juiz Sergio Moro para atacar o presidente do TCU. O material pode servir para eventuais investigações ou para poder acionar cível e criminalmente os envolvidos.

Na disputa pela vaga no Supremo, Dantas conta também com o apoio do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e do decano do STF, Gilmar Mendes. 

Também correm no páreo pela cadeira de Rosa Weber outros possíveis candidatos, como o advogado-geral da União, Jorge Messias, o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Benedito Gonçalves e o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Luís Felipe Salomão

Messias tem a seu favor um histórico de ministros indicados ao STF que vieram da AGU, como André Mendonça e Dias Toffoli. Gonçalves foi o relator da ação de investigação judicial eleitoral que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por 8 anos. Próximo de Alexandre de Moraes e à frente do Conselho Nacional de Justiça, Salomão está promovendo uma devassa na Lava Jato. 

Diante de tanto candidatos homens com padrinhos poderosos, o governo Lula já parte da premissa que pode ser uma boa ideia indicar uma mulher ao STF, justamente para evitar desconfortos com quem apadrinha os ministeriáveis: Renan Calheiros, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.

Quatro mulheres despontam como supremáveis: a desembargadora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) Simone Schreiber, a ministra do STJ Regina Helena Costa e as advogadas Dora Cavalcanti e Flávia Rahal.

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  1. Estamos chegando no fundo do poço, saímos de um psicopata miliciano p/um ladrão contumaz e estamos completando um stf partidário, já, já vem + um no lugar da rosinha, PolamordeDeus!!!

  2. Lembrando dos feitos dos homens mencionados como candidatos, dá pra imaginar que eles seriam ótimos ministros do STF, e não devendo ter vergonha de alargar a interpretação de leis pra atender aos interesses de seu grupo. E viva a insegurança jurídica

  3. O atual STF teria em caso de nomeação do troglodita algo bem pior que os ditadores que lá pontificam violando o Estado e humilhando os cidadãos ... perfeito !!!

  4. Todos os nomes citados no artigo dão a dimensão do baixo nível moral que assola o país, além do despotismo que todos praticam.

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