Não seja uma zebra
A minha carreira jornalística começou como resenhista de livros, em 1984. Há 36 anos, jornais e revistas dedicavam muitas páginas por semana a resumos críticos de livros, e foi numa delas que apareceu pela primeira vez o meu nome na grande imprensa. Assinei na Folha de S.Paulo uma resenha de Desidéria (La Vita Interiore, no original),...
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A minha carreira jornalística começou como resenhista de livros, em 1984. Há 36 anos, jornais e revistas dedicavam muitas páginas por semana a resumos críticos de livros, e foi numa delas que apareceu pela primeira vez o meu nome na grande imprensa. Assinei na Folha de S.Paulo uma resenha de Desidéria (La Vita Interiore, no original), romance do italiano Alberto Moravia que conta a história de uma moça com vocação terrorista que tenta preencher o seu vazio existencial com perversões sexuais. Apesar de eu ter usado o clichê "uma narrativa repleta de fina ironia e beleza" (aparentemente, ninguém percebeu), gostaram, deram-me outros livros para resenhar e logo fui contratado para editar a seção literária do jornal. Uma temeridade, acho que já disse isso. Tinha 22 anos, estava no último ano da faculdade e não fazia ideia de como funcionava uma redação — faculdades de jornalismo nunca ensinaram nada. Ao fim e ao cabo, entre erros e acertos, acho que consegui dar conta do recado. Aprendi com Nicolau Sevcenko, o melhor colaborador, e consegui não desaprender com Emir Sader, cujas resenhas eu me obrigava a reescrever. Quanto a Antônio Houaiss, só era preciso achar os sujeitos das frases, a fim de me certificar que eles estavam mesmo lá, e abrir parágrafos. É mais fácil quando há ideias nos parágrafos, o que nem sempre era o caso.
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Comentários (10)
MARCIA
2020-02-16 20:19:53Mário, dá para assistir em https://m.imdb.com/title/tt0065571/.
Raul
2020-02-14 18:38:08👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Eliane A Barbosa
2020-02-14 14:45:31É sempre um prazer ler Mário Sabino.
Edson Barros
2020-02-11 07:13:56Somos descendentes dos antropoides que ao ouvirem algum ruido na floresta fugiram e não dos que foram ver do que se tratava e foram presas dos predadores. Temos o medo em nossos genes. Por isso estimo que 98% dos humanos vivem governados pelo medo sem o saber e não acessando à humanidade possível. Quantas pessoas tem a coragem de viver sem fazer seguro de vida ou plano de saúde?
Edmar
2020-02-10 23:01:48Quem critica, não necessariamente é petista ou quer destruir o gorverno, críticas devereriam servir para repensar decisões ou atitudes e não serem levadas como pessoal...a política brasileira virou um clássico de futebol brasileiro, uma briga de torcidas por times de "pernas de pau"
Edmar
2020-02-10 22:55:56Sabino, Crusoé é literalmente uma ilha, uma ilha de inteligência, sensatez e liberdade...me sinto indignado com os fãs de Bolsonaro que criticaram tanto os petistas reacionários e agora não admitem críticas ao governo atual...político não pode ter fã clube
Ney
2020-02-10 09:27:15Também caí na lorota do miliciano combatendo corrupção
Ney
2020-02-10 09:26:09Bozomerdas não compreendem o texto
Marina
2020-02-09 18:30:49O texto está abstrato para mim mas pensei: Nós, brasileiros, convivemos com 60.000 assassinatos ao ano.( por aí), né? Apesar da sensação de insegurança temos que tocar o barco em frente e engolir o medo. Felizmente, nesse sentido, há melhora nas estatísticas.
Angela
2020-02-09 16:17:39O medo é, de fato, paralisante. É a morte chegando pé ante pé.