A literatura engajada e a evasão de leitores
Livros com uma "proposta do bem" querem educar os brasileiros e construir uma sociedade melhor, mas ignoram que a literatura deveria servir para divertir, para despertar curiosidades e para apresentar a arte
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O Brasil é um país com pouquíssimos leitores. Pesquisas sobre os hábitos dos brasileiros indicam que, ao longo dos últimos vinte anos, não saímos da casa dos 50% de leitores. Esse número significa que apenas metade das pessoas que respondem às enquetes afirmam ter pegado em um livro nos últimos três meses. Mas esse é um dado enganador. Se tirarmos desse grupo as pessoas que abriram livros didáticos, as que leram obras religiosas e as que mentiram nas pesquisas para não passar vergonha, não temos mais de 10% da população que poderia ser considerada leitora de livros não didáticos ou não devocionais.
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Comentários (10)
Renata
2022-07-10 20:21:00Mas ainda que fosse caro, grande parte do que já caiu em domínio público já está disponível na Internet. Dizer que é caro é de fato desculpa esfarrapada. Já foi, não é mais.
Renata
2022-07-10 20:16:19Tomando café uma vez numa padaria q frequento, e lendo um livro como sempre faço, o rapaz q sempre me atendia comentou o qto me via sempre lendo, q pelo jeito eu gostava muito de ler… e daí perguntou quantos livros eu já tinha lido! Fiquei tão estupefata que até gaguejei pra responder: é… é… não sei dizer, foram muitos! Livro é coisa tão rara na vida das pessoas, q elas conseguem até contar! Uma pena, uma tristeza.
Renata
2022-07-10 19:54:23Só o fato de Monteiro Lobato ter sido cancelado já é altamente emblemático.
MARINA
2022-07-03 11:02:18Que bom ler o artigo de Pedro Almeida. Penso como ele. E Virginia Woolf também.
Carlos Renato Cardoso da Costa
2022-06-28 04:48:39Coincidentemente, essa semana li uma crônica de Nelson Rodrigues de 1970, em que ele argumentava que a intelectualidade brasileira nada produzia, sua profissão era ir a passeatas. Fico feliz de ver que evoluímos, em 50 anos nossos intelectuais saíram das passeatas e passaram a produzir "literatura-folhetim" e a promover a mesma. Bravo! O país agradece esse empenho!
Leone Oliveira Souza
2022-06-27 19:09:21Pedro, você foi cirúrgico. Obrigado pela coluna.
ALEX ERICKSON
2022-06-27 13:28:04Excelente e corajosa a reportagem. Já aconteceu fatos inusitados nesse ambiente literário brasileiro. Um deles é o fato do escritor Paulo Coelho se despontar como o mais bem sucedido na vendagem de livros. A vertente de estilo de desse autor foi - sem exageros - execrada pela tal elite cultural brasileira. Mas o que dizer da obra de um autor que teve o "privilégio" de ser pirateada em alguns países?! Literatura é Arte, com isso deve ter a liberdade de contemplar as infinitas facetas da vida.
Olivar
2022-06-27 11:55:49Artigo extremamente esclarecedor. Posso acrescentar que essa literatura engajada também tomou conta dos livros didáticos. Nos livros escolares de meus netos, os textos para interpretação são engajados, políticos. Machado de Assis, Clarice, Jorge Amado, nem pensar. Monteiro Lobato caiu em desgraça. Fico até admirado de ainda não terem atirado pedras em "Grande Sertão - Veredas"...
Sofia
2022-06-27 06:58:26Desde q os livros se tornaram fundamentais na humanização, há quem lamente o desinteresse dos jovens pela leitura. O fato é q poucos lêem por prazer, o q torna relevante q a leitura seja necessária ao menos na educação institucionalizada. Mas na universidade, atualmente, há o consenso de q os alunos ñ possuem condições para ler e segue-se a vida. Ontem ouvia um jovem de 17 anos lamentando q os novos livros do ensino médio, juntos, ñ passam de uma apostila pouco volumosa em quantidade e qualidade
Sofia
2022-06-27 06:40:21Penso que o ponto fundamental é a boa e velha alfabetização. Se as escolas, mais especificamente os professores, voltassem a ensinar a ler, a escrever e valorizassem a gramática.. um ciclo um pouquito mais virtuoso poderia se iniciar... melhores escritores não surgem espontaneamente num ambiente onde professores de crianças consideram que escrever casa com Z é algo que não precisa ser corrigido nos primeiros anos escolares... pq "um dia a criança aprende".